Especial Crack

Designados para produzir um especial, eu, Alex Contin, Marcelo Bressam e Renata Caram nos reunimos para produzir matérias relacionadas ao Crack, publicadas no Caderno de Domingo do Jornal de Limeira, de 19 de abril.
Nossa equipe de repórteres conversou com ex-dependentes, familiares e especialistas a fim de levar o leitor a compreender o processo que leva ao vício e suas consequências, além do tratamento e acompanhamento permanente, e também um histórico policial de apreensões e envolvidos com o tráfico.
A matéria que desenvolvi relata desde o primeiro contato ao ponto de descontrole sobre o vício (se é que há algum tipo de controle quando se consome drogas) e os procedimentos de desintoxicação. Para minha surpresa, a matéria foi publicada como "abre" da série (matéria que vem na abertura da página como uma introdução ao assunto) e ainda, ganhou tamanho privilegiado.
O repórter Alex Contin disponibiliza em seu blog a matéria "Consequência de caráter" por ele desenvolvida com relatos de ex-dependentes. O link segue ao fim deste post. O restante do material não foi disponibilizado no site do JL, mas segue em arquivo no JL (e por certo prazo nas bibliotecas da cidade), disponível a qualquer leitor interessado.


VÍCIO
Dependência de crack leva a problemas de saúde

Droga é barata, mas dura pouco e pode deixar usuário paranóico

por Roxane Regly, em 19-04-2009, para o Jornal de Limeira

Sensação de prazer, igual à obtida em situações como se alimentar ou fazer sexo, euforia, sensação de poder, aumento da autoestima, sensibilidade a estímulos da visão, audição e tato. Responsável por causar estes efeitos, uma pedra de crack custa em média R$ 5 e a duração varia de 5 a 15 minutos, o suficiente, porém, para viciar o usuário e levar a terríveis consequências, até mesmo à morte, se o tratamento não iniciado rapidamente.

"A dependência é considerada uma doença crônica", explica a psicóloga e coordenadora da Comunidade Mais Vida, Mariana Antonelli. "E esta doença pode atingir qualquer pessoa, de qualquer classe social", comenta. "O poder de dependência do crack é forte", afirma a psicóloga. Por ser uma droga barata e de efeito pouco duradouro, a baixa autoestima provocada pelo seu consumo gera cada vez mais procura.
Além disso, ao ser inalada, a droga entra no organismo causando uma série de alterações. "Os batimentos cardíacos aceleram, a pressão arterial aumenta, as pupilas dilatam", diz Mariana. Além disso, a pessoa tem suor intenso e tremores.

O período para criar dependência pela droga varia em cada pessoa. "O vício físico está ligado ao psicológico. Há aqueles que consomem só de fim de semana, em festas, outros apenas por provar a primeira vez já se tornam dependentes", conta Mariana. Algumas vezes, o consumo começa por meio de drogas "mais leves", como a maconha. Em outras situações, está associado ao álcool. "O uso com o álcool é muito comum. Porém, a substância gerada por essa mistura, o "cocaetileno", é ainda mais perigosa, pelo aumento da pressão arterial que causa", diz.

Quando passa o efeito, o usuário passa por um declínio da euforia pela qual foi tomado. Sente angústia, ansiedade, inquietude e depressão. "Em grandes quantidades, o crack pode deixar a pessoa extremamente agressiva, paranóica e fora da realidade", explica Mariana.

Em um estágio mais crítico, a dependência leva o usuário a ter problemas de convivência social. Este passa a faltar do trabalho, abandona os estudos, fica descompromissado com horários e funções, deixa a família em segundo plano, pratica roubos para manter o vício, não se alimenta, emagrece. "Muitos deles perdem tudo o que tem - família, esposa, filhos, onde morar - e é então que procuram nas clínicas uma última chance", conta Mariana.

TRATAMENTO
O tratamento em uma clínica, como a Comunidade Mais Vida, é realizado de forma voluntária, ou seja, o paciente é quem toma a decisão de se tratar e assumir uma nova postura de vida. "O tratamento dura cerca de cinco meses, onde passam por um período de desintoxicação, reflexão e de volta ao convívio social", explica.

Quando chega à comunidade, o dependente é avaliado por um médico, que traça um perfil e determina como deverá ser feito o tratamento. O uso de remédios são considerados em último caso e o paciente passa a seguir um cronograma de atividades para a desintoxicação.

Segundo Mariana, pela manhã, após o café, os pacientes se reúnem em grupos de espiritualidade. Após isso, passam pela chamada "laborterapia", em que trabalham em diversas atividades com animais e plantas, além de serviços em geral. Após o almoço, eles vão à reunião dos "12 passos" que, segundo a psicóloga, é o forte do tratamento, pois os pacientes seguem um cronograma de 12 atitudes a serem tomadas para se livrar da dependência.

Ao longo do dia, atividades de lazer, como futebol e capoeira são realizadas e à noite, os pacientes se reúnem em grupos como Narcóticos Anônimos (NA) ou grupos religiosos. Todo segundo domingo do mês, eles recebem a visita de familiares, que primeiramente passam por reuniões em que são instruídos sobre como agir com o dependente durante o encontro.

Chegado o quarto mês, o dependente passa um fim de semana em casa. "Como o princípio de tudo é a honestidade, quando voltam, eles contam por tudo o que passaram. É uma "visita termômetro", em que sabemos se a pessoa está próxima de voltar ao convívio ou não", explica Mariana.

Quando liberado para voltar para casa, o ex-dependente precisa de um acompanhamento. Para isto, é instruído a mudar suas companhias e os lugares que frequenta. "É preciso uma mudança de hábito. Dizemos que a dependência é como a "diabetes": a pessoa a terá por toda a vida, mas deve apenas evitar certas coisas e ter determinados cuidados, que não sofrerá uma recaída", diz.

RELIGÃO
A importância da fé e do apoio em grupos - muitos deles religiosos - durante o tratamento, é ressaltada não somente por ex-usuários, mas também comprovado por pesquisas realizadas sobre o assunto.

Uma pesquisa realizada pela Unifesp comprovou que a oração e a "conversa com Deus", são elementos que atuam no controle da ansiedade e da angústia. A pesquisadora Zila van der Meer Sanchez, avaliou grupos de católicos, evangélicos e espíritas e pode comprovar que pontos como a aceitação desses grupos para com o dependente e a ajuda imediata e gratuita auxiliam o dependente a se afastar do mundo das drogas. Além disso, ela confirma a importância do auxílio médico no cuidado do corpo.
(RER)

* Consequência de caráter - por Alex Contin:
http://opiniaoalexcontin.blogspot.com/2009/04/drogas-consequencia-de-carater.html

Comentários

  1. Anônimo4:23 PM BRT

    Poxa, grande coisa, este tratamento de nada adianta, se a pessoa n quizer parar sozinha, vcs enrriquecem com a ignorancia dos familiares, e manipulam eles para tirarem proveito da sua fragilidade e sugar todo seu dinheiro. esses tratamentos de nadaadiantam, e os remedios apenas substituem uma droga pela a outra. o correto e tomar consciencia e parar. arrumar um trabalho e seguir adiante.

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  2. Oi querido anônimo, agradeço pelo seu prestígio em visitar o meu blog e mais do que isso, por comentar, pois muitos vêm até aqui, tem opiniões semelhantes à sua mas deixam de falar. Eu até permito o anonimato exatamente pois quero ouvir pessoas como você se expressando. Mas vamos lá...

    "...grande coisa, este tratamento de nada adianta, se a pessoa n quizer parar sozinha, vcs enrriquecem com a ignorancia dos familiares, e manipulam eles para tirarem proveito da sua fragilidade e sugar todo seu dinheiro..."

    1º gostaría que você lesse novamente a matéria dessa vez com mais atenção:

    Trechos que eu gostaria que você prestasse atenção:

    "O tratamento em uma clínica, como a Comunidade Mais Vida, é realizado de forma voluntária, ou seja, o paciente é quem toma a decisão de se tratar e assumir uma nova postura de vida. "O tratamento dura cerca de cinco meses, onde passam por um período de desintoxicação, reflexão e de volta ao convívio social", explica."

    "O uso de remédios são considerados em último caso e o paciente passa a seguir um cronograma de atividades para a desintoxicação."

    OU SEJA, o cara só vai pra lá SE QUISER e se tiver se comprometido consigo mesmo a mudar. A psicológa ressalta que jamais alguém entra lá sedado ou forçado.
    O ÚLTIMO CASO se dá quando o paciente es'tá deprimido e então, opta-se por dar esses remédios a fim de confortá-lo, assim como acontece diante de qualquer DOENÇA, sim, por que dependência é uma doença, crônica por sinal.
    Quanto a enriquecer, ah meu bem, se eu enriquecesse com alguma matéria minha querido, em pouco tempo eu deixaria de trabalhar, pois estaria de fato RICA.

    Por acaso, leia este post:
    http://roxaneregly.blogspot.com/2009/05/olhem-para-o-proprio-pe-enquanto-e-cedo.html
    Só por acaso, ainda não ganho nem a metade do piso aí ;)

    Grande abraço e volte sempre. Já disse e digo de novo: Respeite e será respeitado! :)

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  3. Anônimo5:52 AM BRT

    Realmente Roxane, quando citei " pessoas enrriquecem comisso", mereferi aos pisiquiatras. Bem e saibaque existe clinicas que aceitam sim, o paciente a força, que inclusive ja foi o meu caso. e sobreo dinheiro, me referi a classe medica, que sao um bando de hipocritas.

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  4. Hmmm... quanto a isso, de fato, concordo que essas clínicas forçadas são um abuso... Vê a história daquele cara que era polegar... Vira e mexe se mete em confusão por tentar enfiar as pessoas a força em uma dessas clínicas furrecas...
    Mas, temos exemplos de lugares sérios, como a Mais Vida, que proporciona à pessoa que deseja sair desse mundo a chance de retornar... Você pode até ler a continuação dessa matéria no blog do Alex... Ele conversou com dois rapazes que sairam do crack. E eu conheço mais... Conheço gente que hoje tem um bom emprego, que trabalha decentemente e até mesmo direciona grupos de apoio e ações sociais.
    Quanto a você... Hoje, já saiu das drogas? Quando foi internado a força, logo saiu? E acha então que "o correto e tomar consciencia e parar. arrumar um trabalho e seguir adiante"? Você fez isso?
    Caso queira criar um e-mail e se corresponder comigo pelo roxaneregly@yahoo.com.br ficarei contente de falar com vc.

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