Especial Aniversário de Limeira: à espera de igualdade nos bairros carentes

Limeira completou 185 anos na semana passada, no dia 15. O Jornal de Limeira comemorou com um caderno que apontava para três visões distintas - a Limeira que eu lembro, gosto e espero. Sobre a Limeira que espero, fui pautada para falar de justiça social, o que esperam bairros carentes do município. Como resultado a reportagem a seguir.

(Roxane Regly, para o Jornal de Limeira)

Quando Limeira comemora seus 185 anos é também momento de refletir a respeito de ações que promovam a igualdade social no município. Muitos limeirenses aguardam pelo futuro com esperança no melhor. Líderes e mediadores de bairros mais carentes depositam essa esperança em ações e políticas públicas que ainda não são promovidas, mas que seriam essenciais para chegar a um patamar em que haja justiça social no município.

A aposentada Francisca Félix Silva, 63, é presidente da associação de moradores do Jardim Dom Oscar Romero. Apesar de pequeno, o bairro reúne muitas famílias carentes e é por meio da luta de mulheres como Francisca que o desenvolvimento tem ocorrido no grupo.

Para ela, faltam projetos e trabalhos voltados às famílias em todos os bairros da cidade. "A base da cidade é a periferia. Dela saem a maior parte dos trabalhadores. O olhos precisam ser voltados para a família, falta recurso para isso, se preocupam com tanta coisa, mas as famílias estão desorganizadas", diz. "Precisávamos de um grupo que visitasse os bairros, de casa em casa, fazendo um levantamento das necessidades", sugere.
Um exemplo positivo apontado por Francisca é o projeto "Falando ao Coração", desenvolvido pelo CME (Conselho da Mulher Empreendedora), da Acil (Associação Comercial e Industrial de Limeira). "Todos os meses elas vem até o bairro, falam sobre diversos assuntos, como educação de filhos, e trazem cultura. Isso ajuda muito a comunidade."

Cheia de esperança, Francisca acredita que sejam as políticas públicas que podem resolver grande parte dos problemas de injustiça social na cidade. "Sou aquele tipo de mulher que ainda acredita nas pessoas, por isso, tenho esperanças nessa próxima eleição, ano que vem, que entre um bom prefeito, que faça mudanças e volte o olhar para a periferia da cidade", comenta. Para ela, há a falta de assistentes sociais nos bairros e lideranças que levem as demandas da comunidade local ao poder público. A coordenadora da biblioteca comunitária do Ernesto Kühl e mediadora no bairro, Cristina Lira também visualiza a necessidade de mais atenção às comunidades carentes.

"Nós, mediadores, é que fazemos o papel de assistente social, de psicólogo e até mesmo de mãe. O poder público não consegue suprir a demanda dos bairros, tem verba, mas não tem compromisso. Quantos centros comunitários nós vemos fechados? Quantos jovens ficam à mercê, pelas ruas. Falta emprego, falta conhecimento", frisa.

Outra dificuldade, que segundo ela é determinante para a exclusão social e que precisa ser combatida, é o olhar descriminatório da sociedade. "A sociedade acusa o bairro periférico. Precisava de um olhar diferenciado, um apoio maior", fala.

Para ela a maior preocupação é a educação. "Quanto à saúde, o PSF (Programa de Saúde da Família) funciona muito bem e eu gostaria, inclusive, que isso acontecesse em toda a cidade. Mas, em geral, necessitamos de melhorias na educação, creches, recreação para os jovens, cultura, lazer", aponta.

Dos moradores e líderes fica a esperança por dias melhores, mais saúde, educação e programas voltados aos bairros carentes, de modo que no futuro, a justiça social, e não a desigualdade, é que impere até mesmo nas comunidades mais carentes da cidade.

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