Parto humanizado: por que eu quero falar disso?

Assunto cada vez mais polêmico nos dias atuais, a disputa entre as defensoras do parto humanizado - ou pelo menos normal - e da cesariana ganhou ainda mais corpo com a rápida saída do hospital de Kate Middleton, duquesa de Cambridge e mulher do príncipe William, após dar a luz Charlotte, mais nova princesa do Reino Unido. O parto da duquesa foi normal, rápido e ela saiu linda, maquiada, de pé, dando um tchauzinho para os súditos e fãs.

Não é de hoje que eu sou do time de defensoras do parto normal. Não é sequer do tempo dessa discussão toda, quando eu já dizia que na minha opinião o melhor é o normal. É duro abrir a defensiva de algo que ainda não se vivi. Sempre evitei opinar porque, afinal, sou usuária de um convênio e quando chegar a minha vez de dar à luz pode ser que eu encontre obstáculos. Vai que... E, lógico, a cesareana tem seus momentos de real necessidade e não pode ser desconsiderada nem endemoniada! É um avanço da medicina e salva vidas - de mães e bebês. Salva e não dá vidas (ou seja, ela é usada quando é necessária - ou deveria). O que dá vida é natural! Se tudo for bem, se tudo acontecer saudavelmente, por que não pelo menos o normal?!

No início do ano, o Ministério da Saúde divulgou medidas para estimular este tipo de parto (o normal) e reduzir as cirurgias. Como jornalista, fui repercutir o assunto localmente. Apurei que em Limeira-SP as cesáreas chegam a espantosos 85% dos nascimentos (!!!) A desculpa justificativa, especialmente das cooperativas médicas, onde esse índice mais se concentra, é que trata-se de algo cultural entre as mulheres e suas famílias (?!).

Não muito depois, fui procurada por um grupo limeirense de estímulo ao parto humanizado para debater essa "culpa" colocada nas grávidas pelo que chamam de "opção cultural" e não "forçação de barra" - que sabemos que existe, muitas vezes estimulada por fatores além da saúde e bem-estar de mãe e recém-nascido ($$ plimplim). Estive na sede do grupo para um bate-papo com uma das profissionais e mentoras do projeto. Ali desenvolvemos uma conversa franca e cheia de pontos de concordância. Bom foi que só reafirmei minhas opiniões e expectativas.

Já li e reli tantas vezes artigos, matérias, argumentos e elementos de ambos os lados e continuo a discordar do método cirúrgico, exceto em extrema necessidade (fatores crônicos da saúde da mãe e do bebê e risco de vida de qualquer um deles). O problema é que, avaliando todas as mulheres que tive conhecimento quanto a forma como aconteceu a escolha pelo método cirúrgico, poucas, pouquíssimas vezes existia algo que justificasse de verdade a opção pela cesariana. Ouvindo os relatos e explicações para a escolha de determinado procedimento, parece-me mais que usaram do momento sensível, da falta ou excesso de conhecimento de ambas as partes, da ansiedade da família, entre outros, para decretar ali que o melhor é submeter a mulher e seu filho a todos os procedimentos de um centro cirúrgico.

Não tem muito tempo, minha mãe foi submetida a uma histerectomia, que em tese funciona muito parecido com a cesárea (o corte, o local etc.). Foi por verdadeira necessidade, para conter hemorragias, dores e um sofrimento que NUNCA sairia dali, que só aumentaria, se não houvesse intervenção. No período antes da cirurgia, ouvimos incansavelmente mulheres contando histórias horrendas da recuperação, falando que ela sofreria muito, ficaria de cama semanas etc. Por Deus, minha mãe teve uma recuperação excepcional, com pouquíssimas dores - um belo ponto fora da curva. Me admira que não fazem o mesmo tipo de recomendação, de palpites, quando uma mulher que vai parir e pode escolher pela cirurgia ou não. Insistem pra fazer logo a cesárea, costurar a barriga e seguir a vida, mesmo que nesse caso (ter um bebê), há mais de uma opção para a maioria delas.

Kate Middleton é da realeza e certamente leva para casa um hospital completo, melhor que a maternidade St. Mary. Mesmo assim, ela é mulher e mostra ao mundo que dá pra estar de pé em poucas horas e voltar à rotina muito mais rápido do que se houvessem ali diversas camadas de pele, carne e músculo cortadas, costuradas e exigindo extremos cuidados. Não seria mais simples guardar energia e disposição para uma nova vida que vai entrar na rotina da casa, cheia de exigências por cuidados?!

Toda essa discussão me angustia, porque eu ainda não cheguei nem perto desse dia e já penso em como quero que seja. Mas peraí, penso comigo, não é hora de me preocupar com isso, definitivamente-não-é! Eu tenho 26 anos e há muitos, muitos anos mesmo, sonho ser mãe. Pela idade que tenho já poderia até o ser, mas não está nos planos a curto prazo. Antes vem pela frente emprego, empreendedorismo, noivado, casa, chá, casamento, viagens... Mas, esse assunto desde já "enminhoca" minha cabeça!

Decidi, então, que este assunto está saturado para mim, especialmente para agora, que minha preocupação precisa mudar de foco. Ainda quero voltar a falar disso aqui. Primeiro para divulgar o trabalho do Conexão Materna, o grupo do qual comentei acima. E segundo, guardo meus pensamentos particulares para o futuro, para quando Deus quiser que eu venha a ser mãe. Esta é minha posição, espero que se lembrem disso, especialmente no dia em que o assunto não for mais o mundo afora e sim minha própria vida. ;)

Beijos a todos!

E aquele tchauzinho de princesa...


>>> Para complementar o artigo acima, seguem alguns artigos que embasam, reforçam ou respaldam minha opinião:

1) Não sou contra a cesária, quando ela é necessária, como relata a mãe a seguir. Nem muito menos olho para mães de cesarianas como se elas não fossem mães! Respeito a todas, por favor.

2) Sempre bom saber sobre parto humanizado...

3) Médicos abandonam mulheres no parto por não aceitarem parto normal:

4) Mães e bebês são favorecidos com Centros de Partos (Quem dera o Ministério da Saúde instalasse ao menos um desses em cada cidade do Brasil! Do que adianta fazer propaganda de algo que nem é pra todos...?!?!) http://www.blog.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=35552&catid=564&Itemid=101

5) Depoimento da Carol Rocha, a Tchulim, sobre a escolha do parto humanizado:
(PS: Depois de decidir por tentar o normal e ele não acontecer, por diabetes gestacional, sofrimento fetal e falta de evolução no trabalho de parto, o bebê nasceu por uma cesárea. O parto salvou a vida de ambos e foi o melhor para ela. Esse é o ponto!)

6) Campanha divulga lista com taxa de cesáreas por médico:



7) Bella Falconi dá a luz depois de 18 horas em trabalho de parto
(Mesmo a Bella, que era atlética e preparada, suportou horas e horas. Quem disse que seria fácil? Mas ela não desistiu, porque tinha condições para isso!)

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